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  • O Vale do Capão

 

 

O distrito de Caetê-Açu, conhecido ainda como Capão, ou Vale do Capão, é uma localidade integrante do município de Palmeiras, no estado da Bahia, no Brasil, 470 Km da capital Salvador. Fica ao sul da sede do município.

 

O Vale do Capão resguarda paisagens deslumbrantes. O cenário é basicamente composto por grandes cachoeiras, áreas de Mata Atlântica, montanhas de até 1.500 metros, dentre outras preciosidades naturais. Não é à toa que o lugar detém famosíssimos paraísos ecológicos, como o Silêncio dos Gerais, a correnteza do Rio Preto, o imponente Morrão e o abismo onde caem as águas da Cachoeira da Fumaça – a mais alta do Brasil.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O clima tropical, com temperatura média anual variando entre 22° e 24°C, favorece todos os tipos de passeios. Um dos mais cogitados entre os visitantes é o ecoturismo, garantido pelas belezas que acompanham as famosas caminhadas. Elas podem ser feitas por trilhas mais longas, como a que segue do Vale até Lençóis, ou as mais curtas, a exemplo das que ligam pontos turísticos e algumas comunidades. A diferença do Capão para os outros locais da Chapada está no conceito que foi desenvolvido há mais de 20 anos. O lugarejo já teve o garimpo como sua principal atividade, assim como o restante da Chapada. Os garimpeiros se aventuravam pelas serras, riachos, rios e tocas à procura de diamantes. Com a chegada dos alternativos, ainda embalados pelo sonho dos anos 70, a vida no Capão mudou completamente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

GEOGRAFIA - O Vale do Capão é uma formação geosociológica. Por um lado é formado pela Serra do Candombá e por outro pela Serra da Larguinha, onde fica o Morro Branco. 

 

HISTÓRIA -  Antes do início da colonização portuguesa da região, no século XVI, esta era habitada por povos indígenas do tronco linguístico macro-jê, como camacãs e cariris.

Em 1818, passou a pertencer à sesmaria de um residente de Mucugê. Nesse período, a construção da Estrada Real na região marcou a primeira intervenção brasileira. Por volta de 1860, lá se instalou a família Cathalat, de origem francesa, que iniciou a produção de café. Capão Grande também prosperou durante a época da exploração de diamantes, tendo seu auge econômico nesse ciclo econômico, continuado pela produção de café de boa qualidade.

 

De 1910 até 1970, porém, o povoado entrou em franca decadência, chegando a perder sua subdelegacia, sendo esquecida pela sede devido ao afastamento de políticos locais notórios baseados lá.

Em 1960, houve o redescobrimento do vale por parte da juventude influenciada pelo movimento hippie, pelo existencialismo sartriano e pelo combate ao Regime militar no Brasil (1964–1985). Diante disso, criou-se um misticismo em volta da figura do vale e de suas belezas naturais, sobretudo nas linhas da Nova Era. Ainda hoje, o distrito tem verificado um grande influxo de imigrantes de diversas regiões do país, denominados "alternativos". Trata-se de ambientalistas ou de pessoas filiadas a uma variada gama de estilos de vida fundados em crenças ecológicas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Hoje, o Vale do Capão é especial por três motivos. Sua natureza geográfica, geológica e biológica - as serras formam um vale magnífico, as cachoeiras, os visuais da Chapada Diamantina como de cima do Morrão e da Fumaça, a fauna e a flora típicas da região -, demais para os poucos dias de qualquer visitante (e até para alguns velhos moradores), é o primeiro e mais notável dos motivos.

 

O segundo é a misteriosa dificuldade de desapegar e ir embora do Capão. Moradores e visitantes sentem dificuldade em deixar esse paraíso em que a violência nem chegou. Não há hospital, polícia local, transporte público, água tratada (direto de nascentes) e as pessoas ainda sofrem por deixar o vale, que acumula novos moradores a cada temporada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O terceiro é a rica diversidade étnica e cultural, de um jeito que só pode ser visto em alguns raros lugares pelo mundo. Nas ruas, nos bares e restaurantes, nas festas, no circo, nos rios e nas cachoeiras, aonde se vá, haverá a oportunidade de encontrar um cidadão estrangeiro ou de uma capital brasileira, entre moradores e visitantes. Latinos e europeus são a maioria. E se misturam ao Capão.

 

São profissionais de diversas áreas - jornalista, designer, fotógrafo, dentista, ator, advogado, cantor, publicitário, cineasta, músico, empresário, arquiteto, tudo gente de verdade que deixou sua cidade, seus velhos amigos, parte de sua família, e passou a viver no Capão.É o italiano que concerta as bicicletas, o sueco dono do restaurante, o chileno da barraca de pizza, o cubano que atende no posto de saúde, o estadunidense que faz mapa astral, tem jornalista, músico, advogado, arquiteto, empresário, publicitário, designer, todos vivendo no vale, disseminando sua cultura e se misturando à bucólica e calma comunidade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Neste mês de setembro, o Vale do Capão ganhou mais um agente de incentivo à sua pluricultura: o Espaço Moreterra de Arte, Cultura e Culinária. A partir de sábado, 13, o local passou a dedicar totalmente às atividades culturais como execução de projetos, produção de artistas com exposições e apresentações, além da formação de artistas e novos produtores culturais no cenário local.

 

Há mais de uma década a Moreterra produz e dissemina a cultura afro-latina em países latinos. “Um trabalho que já fizemos na Argentina e no Chile, atraindo e produzindo artistas que representam de diversas culturas dentro da cultura afro-latina. Então, os somaremos com a ampla variedade de artistas que temos aqui”, explica Morena. A iniciativa contribui diretamente nesta mistura de culturas que é o Capão.

 

O centro está instalado no antigo Espaço Jaqueira e já oferece aulas gratuitas de canto e teatro para jovens moradores visando a formação um grupo de apresentação artística em escolas públicas. “Na próxima etapa, conduziremos estes jovens a uma autogestão, levando-os a produzir e disseminar sua cultura. São crianças bem diferentes culturalmente e cada resultado único”.

 

 

TEXTO, FOTOS e EDIÇÕES:

 

MANOEL NOVAES NETO

Jornalista, Escritor, Fotógrafo e Designer

 

Vila do Vale do Capão, Caeté-Açu, Chapada Diamantina, Bahia - Brasil

soulneto@gmail.comeditoraegraficadovale@hotmail.com - 75 3344-1355

Morrão Vale do Capão
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